Robinhood integra quase 500 ativos financeiros à rede Arbitrum

Robinhood deu um passo importante na integração entre os mercados financeiros tradicionais e o ecossistema blockchain. A empresa norte-americana tokenizou cerca de 500 ações e fundos negociados em bolsa (ETFs) dos Estados Unidos, avaliados em mais de US$ 8,5 milhões, utilizando a rede Arbitrum.

A iniciativa é voltada para usuários europeus, marcando uma nova etapa na expansão da Robinhood dentro do mercado de ativos do mundo real (RWA) baseados em blockchain.

Um passo decisivo rumo à tokenização em massa

O projeto, anunciado em outubro de 2025, inclui 493 valores mobiliários norte-americanos emitidos em formato de tokens digitais. De acordo com dados da Cointelegraph, aproximadamente 70% correspondem a ações, 24% a ETFs, e o restante a commodities, ETFs ligados a criptomoedas e títulos do Tesouro dos EUA.

No total, foram registradas operações de criação de tokens (minting) de cerca de US$ 19,3 milhões, enquanto as transações de queima (burning) ultrapassam US$ 11,5 milhões. Esses números refletem um interesse crescente em instrumentos financeiros tokenizados dentro do mercado europeu.

Como funciona a tokenização na Arbitrum

Os ativos emitidos pela Robinhood não representam propriedade direta das ações ou ETFs originais. Eles funcionam como derivativos digitais que replicam o comportamento dos ativos tradicionais. Cada token é lastreado pela empresa emissora e está disponível através do serviço da Robinhood na União Europeia, com negociações 24 horas por dia e investimento mínimo de 1 euro.

A escolha da Arbitrum como infraestrutura se deve à sua capacidade de processar transações rápidas e de baixo custo, permitindo à Robinhood oferecer aos investidores uma experiência mais ágil e acessível do que a dos canais financeiros convencionais.

Expansão na Europa e quadro regulatório

Com essa estratégia, a Robinhood reforça sua presença na Europa, oferecendo uma alternativa moderna ao trading tradicional. As operações seguem as diretrizes da MiFID II, que regula a oferta de instrumentos financeiros na União Europeia.

No entanto, a tokenização de valores mobiliários traz novos desafios regulatórios. Em países como Lituânia, as autoridades financeiras pediram esclarecimentos sobre a estrutura jurídica desses produtos, já que os tokens não conferem direito a voto nem propriedade real sobre as empresas subjacentes.

Robinhood aposta em ativos tokenizados

O interesse da Robinhood na tokenização não é casual. A empresa busca se posicionar no crescente mercado de RWAs, conectando o sistema financeiro tradicional à tecnologia blockchain. Com essa estratégia, os usuários europeus podem acessar o mercado norte-americano sem intermediários e com operações contínuas, algo que os mercados de ações tradicionais não permitem.

Segundo a Reuters, a Robinhood já havia sinalizado em junho de 2025 a intenção de expandir o número de ativos tokenizados, passando de cerca de 200 ativos iniciais para milhares até o final do ano. A recente expansão para quase 500 ativos confirma que o plano está avançando conforme o previsto.

Desafios e perspectivas do novo modelo

Embora a tokenização prometa maior democratização do acesso aos mercados, também introduz incertezas. Os investidores devem considerar que os tokens não replicam exatamente a liquidez nem as proteções legais dos valores mobiliários tradicionais.

Além disso, seu valor depende do mecanismo de lastro e da estabilidade da plataforma emissora. Enquanto isso, reguladores europeus e norte-americanos analisam como adaptar as normas dos mercados financeiros a esses instrumentos digitais, que borram a fronteira entre finanças tradicionais e Web3.