O ecossistema de finanças descentralizadas (DeFi) continua evoluindo com a chegada de novos instrumentos projetados para ampliar as possibilidades de investimento e gestão de risco. Dois projetos de peso —Ethena e Pendle— uniram forças na rede Avalanche para oferecer mercados de rendimento fixo e variável baseados em sUSDe, uma versão em staking da stablecoin sintética USDe.
Essa integração busca aproveitar a velocidade, a escalabilidade e as baixas taxas da Avalanche para consolidar produtos financeiros mais sofisticados.
A Ethena Labs criou o USDe como uma moeda estável sintética com o objetivo de manter sua paridade próxima a um dólar. Diferente de outras stablecoins lastreadas em reservas fiduciárias, o USDe utiliza uma estratégia de hedge delta-neutral.
Essa estratégia é composta por posições longas em ativos como bitcoin e ether, compensadas por posições curtas em futuros perpétuos, de modo que os movimentos de preço dos ativos subjacentes tendem a se equilibrar. A versão em staking, conhecida como sUSDe, permite que os usuários bloqueiem seus USDe no protocolo e recebam um fluxo de recompensas.
Esses rendimentos vêm de várias fontes, incluindo taxas de financiamento de futuros, lucros por manter posições curtas, juros sobre reservas de stablecoins e recompensas de staking associadas ao colateral. Quando o usuário encerra sua posição, recebe de volta seus USDe mais a parte proporcional da receita acumulada.
A proposta da Pendle se concentra em separar o rendimento de um ativo em dois componentes: o Principal Token (PT), que representa a parte fixa ou principal, e o Yield Token (YT), que oferece exposição à variabilidade do rendimento.
No caso da Ethena, o PT-USDe permite garantir um retorno estável através de um desconto sobre o ativo, enquanto o YT oferece maior risco por depender diretamente da evolução do rendimento gerado pelo sUSDe.
Além disso, os provedores de liquidez nos mercados da Pendle podem obter receitas adicionais por meio de taxas de swap e recompensas no token nativo do protocolo. Na Avalanche, essa infraestrutura é implementada com suporte do LayerZero para mensageria entre cadeias, embora os ativos e sua transparência permaneçam localizados na rede, sem recorrer a um modelo omnichain.
A Avalanche oferece características técnicas-chave para essa integração: rapidez na confirmação de transações, baixos custos e um ecossistema em crescimento que facilita a adoção de novos instrumentos financeiros.
Com a incorporação do sUSDe e dos mercados da Pendle, os usuários podem agora utilizar esse ativo não apenas como meio de estabilidade, mas também como colateral em empréstimos ou como base para estratégias de rendimento diversificadas.
Nesse modelo, os investidores podem escolher entre a segurança relativa de um retorno fixo via PT, ou optar pela volatilidade potencial do YT, que responde aos ciclos de mercado. Quando a demanda por futuros perpétuos aumenta, as taxas de financiamento tendem a subir e o rendimento do sUSDe pode se expandir. Já em períodos de menor atividade, esse rendimento se reduz junto com a oferta.
A relevância dessa integração se entende melhor ao analisar os números mais recentes. Em setembro de 2025, o USDe mantém uma capitalização de mercado próxima a US$ 13 bilhões, com crescimento contínuo da oferta. A Pendle, por sua vez, alcançou um valor total bloqueado superior a US$ 5 bilhões, dos quais quase metade corresponde ao uso de Principal Tokens como colateral.
Os relatórios de governança da Ethena detalham que cerca de 46% da garantia do USDe vem de estratégias delta-neutral, com uma distribuição aproximada de 31% em bitcoin, 10% em ether, 4% em derivativos de staking líquido de ether e menos de 1% em solana.
Alguns dos pools da Pendle associados ao USDe na Avalanche já atingiram seus limites de colateral autorizados. Esses dados refletem tanto o nível de adoção quanto as restrições vigentes em determinados mercados.
Atualmente, o sUSDe já conta com liquidez em exchanges descentralizadas como Uniswap, LFJ, Pharaoh Exchange e BlackholeDex. Nas próximas semanas são esperadas integrações em plataformas como Euler, Silo, Folks Finance e Term Labs, onde poderá ser utilizado como ativo colateral.
Também estão em discussão incorporações a protocolos de maior escala como Benqi e Aave, embora essas dependam de decisões de governança e testes técnicos prévios. Os cronogramas podem variar, já que dependem da implementação de cada parceiro e do ajuste dos parâmetros de risco em seus respectivos contratos.
56
0
NEWSLETTER
Inscreva-se!
E fique por dentro das últimas novidades
Outras novidades que podem te interessar
Etiquetas