Steam vs Epic Games: jogos Web3 e blockchain em 2025

O Web3 nos videogames propõe um modelo em que os jogadores podem ter ativos digitais, como NFTs ou tokens. Essa ideia despertou interesse pela promessa de propriedade digital e economias descentralizadas, mas também tem sido alvo de críticas por fraude e falta de regulamentação.

Nesse contexto, Steam e Epic Games, duas das lojas digitais mais importantes no PC, adotaram caminhos bem diferentes em relação ao Web3.

Steam: uma barreira explícita ao blockchain

Desde outubro de 2021, a Steam proibiu oficialmente jogos que integrem criptomoedas ou NFTs. A plataforma argumenta que essas tecnologias representam um risco para os jogadores, tanto pelo aspecto volátil quanto pela falta de controle sobre mercados secundários.

Apesar dessa política, alguns títulos conseguiram chegar à Steam implementando uma estratégia de adaptação:

• Off the Grid, um shooter com integração Avalanche, foi lançado na Steam em junho de 2025.
  Seus elementos Web3 são opcionais e gerenciados fora da plataforma, o que permitiu contornar as restrições.

• Castle of Blackwater, um jogo de dedução social, também está disponível na Steam.
  Sua integração blockchain é totalmente separada do cliente da loja, e sua jogabilidade é acessível sem a necessidade de usar NFTs.

Esses casos mostram que a Steam não mudou sua política, mas permite exceções se os elementos Web3 permanecerem externos e não interferirem na experiência tradicional do usuário.

Epic Games: uma abertura moderada ao Web3

Ao contrário da Steam, a Epic Games Store demonstra desde 2022 uma postura mais aberta. A empresa permite jogos com blockchain, desde que cumpram as leis vigentes e as regras internas da loja.

O foco está em permitir a inovação, sem adotar diretamente criptomoedas dentro da plataforma.

Entre os títulos de destaque que fazem parte do catálogo Web3 da Epic Games estão:

• GRIT, um battle royale do Velho Oeste com NFTs integrados, lançado pela Gala Games.
• Wilder World, um metaverso imersivo com corridas, terrenos e avatares em forma de NFTs.
• Illuvium, uma franquia de RPG e estratégia que inclui criaturas colecionáveis como NFTs interoperáveis.
• Gods Unchained, jogo de cartas táticas que também ganhou visibilidade na plataforma.

A Epic também impulsionou ferramentas como o Epic Online Services, que permite jogo cruzado entre lojas e compatibilidade com jogos que incluam componentes Web3.

Como esses jogos chegaram à Steam?

Nos casos de Off the Grid, Castle of Blackwater e outros títulos como The Machines Arena ou Eternal Dragons, os desenvolvedores aplicaram estratégias-chave para cumprir as regras da Steam:

1. Separação do componente Web3: As funções blockchain são gerenciadas fora do jogo principal.
2. Elementos opcionais: NFTs não são necessários para jogar e não estão integrados ao sistema de pagamento da Steam.
3. Foco na jogabilidade tradicional: A experiência base do jogo é completa sem usar funções Web3.

Essa adaptação permitiu que alguns jogos entrassem na Steam sem violar as políticas vigentes, embora ainda representem exceções.

Perspectivas futuras

O futuro do Web3 em plataformas tradicionais dependerá de vários fatores:

• Melhoria na qualidade dos jogos: Para ganhar aceitação, os jogos Web3 devem priorizar a jogabilidade, não apenas a monetização.
• Regulamentação clara: A implementação de leis específicas pode reduzir a rejeição de plataformas como a Steam.
• Maior acessibilidade: Soluções como carteiras integradas ou experiências híbridas Web2/Web3 podem facilitar a adoção.
• Pressão do mercado: Se jogos de sucesso na Epic começarem a ganhar espaço, é possível que a Valve reavalie sua postura.

O gaming Web3 enfrenta barreiras significativas em plataformas como a Steam, mas também encontra oportunidades na Epic Games. Enquanto a Steam mantém uma postura conservadora, a Epic permite maior experimentação.

Alguns jogos mostram que, com uma estratégia clara, os desenvolvedores podem alcançar visibilidade e crescimento, mesmo em ambientes com restrições.